segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Resenha: Além do Ponto e Outros Contos - Caio Fernando Abreu

A solidão, o desespero, a desilusão, o afeto inesperado... Caio Fernando Abreu trabalha, em seus contos, os impasses vividos por uma geração que sofreu muito, mas que também amou muito. Criador de uma literatura corajosa, o autor enfrentou os estigmas de seu tempo e fez uso de uma linguagem que mistura prosa e poesia, rompendo com os padrões. Construções ideológicas inovadoras combinam-se a inovações estéticas e dão o toque essencial da literatura desse grande escritor. Dentre os diversos aspectos que se destacam nas 10 histórias desta antologia, temos a problemática do isolamento do indivíduo em face de uma realidade estranha e alheia aos seus sentimentos. Seus personagens operam tentativas de criar uma nova realidade, que dê vazão ao seu mundo interior - tentativas efêmeras, frustradas, em vão. Às vezes, nas relações afetivas se estabelecem o isolamento e a incomunicabilidade: a palavra não dita na partida; o par que sofre rejeição de colegas por serem homossexuais; o casal que já não tem mais o que dizer; o rapaz adoentado que tenta se abrir com a mãe sobre sua sexualidade e suas angústias e não consegue; a relação trágica de uma solitária menina com seu gato de estimação; os desencontros em uma grande cidade. Por vezes, a solidão traz lembranças ternas e tristes; noutras, faz com que se perceba a sensaboria de uma comemoração - ou vai ainda mais longe, e leva à percepção da própria miséria física e moral.

Avaliação: ☻☻☻☻☺ (4/5)                                        128 Páginas                             Ática

Demorei, mas finalmente terminei Além do Ponto e cá estou eu fazendo a resenha que vocês me pediram desse livro, escrito por alguém que vocês estão muito acostumados a topar com as frases no Tumblr, Twitter, Facebook, qualquer lugar em que alguém queira se passar por intelectual e sensível.

Além do Ponto e Outros Contos é uma antologia de contos do escritor Caio Fernando Abreu, na qual ele explora muito bem os sentimentos humanos, transformando-os no personagem principal dos seus contos.

Quem já leu qualquer conto desse escritor concordará comigo ao dizer que eles parecem mais crônicas, porque eles conseguem causar reflexão e retratar o cotidiano das pessoas, as vezes consegue até criticar, mas a característica mais comum de todos é o final não-feliz.

Subjetiva e objetivamente, a menina era tremendamente solitária

Alguns contos como tem uma leitura pesada e lenta, mas passam longe de ser ruins, seguem o mesmo estilo dos outros, só que para pessoas que estão fazendo a leitura como obrigatória (meu caso) acabam achando um motivo para não voltar para ela. Outros contos como "Retratos" não conseguem ser entendidos de primeira, o que faz o leitor refletir sobre o mesmo e fazê-lo ficar na cabeça. Já "Os Dois" mostra uma visão a frente da época para o autor, ao tratar um tema relativamente polemico de um jeito leve e simples.

Os contos são marcados pela introspecção, os personagens principais são os sentimentos, a descrição é feita em cima do que o personagem está sentindo, do cenário só se sabe o extremamente necessário, o que acaba lhe pondo na pele do protagonista e fazendo sentir tudo o que ele sente, isso torna contos como "O Holocausto" aterrorizantes.

Não sou a maior fã desse tipo de leitura em sequencia, defendo a ideia de que contos foram feitos para serem lidos separados, não de uma vez, mas devo admitir o quanto essa obra é boa, Recomendo para quem gosta de cronicas, e para os que amam as suas frases. Nunca se esqueçam, flor é abismo.

2 comentários:

  1. kah, se assim posso te chamar rs´, texto muito bom, ótima análise.

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