quarta-feira, 8 de abril de 2015

Resenha: A Mais Pura Verdade - Dan Gemeinhart

Em todos os sentidos que interessam, Mark é uma criança normal. Ele tem um cachorro chamado Beau e uma grande amiga, Jessie. Ele gosta de fotografar e de escrever haicais em seu caderno. Seu sonho é um dia escalar uma montanha.
Mas, em certo sentido um sentido muito importante , Mark não tem nada a ver com as outras crianças.
Mark está doente. O tipo de doença que tem a ver com hospital. Tratamento. O tipo de doença da qual algumas pessoas nunca melhoram.
Então, Mark foge. Ele sai de casa com sua máquina fotográfica, seu caderno, seu cachorro e um plano. Um plano para alcançar o topo do Monte Rainier.Nem que seja a última coisa que ele faça. A Mais Pura Verdade é uma história preciosa e surpreendente sobre grandes questões, pequenos momentos e uma jornada inacreditável.
* Exemplar cedido como cortesia pela editora.

Avaliação: ☻☻☻☻☺(4/5)                                  224 Páginas                  Novo Conceito

Sabe aquele tipo de livro que sem sequer terminar a primeira frase já te deixa com um nó na garganta? Sem sequer falar uma palavra triste já te deixa com vontade de chorar? Pois bem, A Mais Pura Verdade é assim.

O avô de Mark era alpinista e uma certa vez prometeu que eles escalariam o Rainer juntos quando Mark melhorasse de sua doença, só que quando ele melhorou seu avô ficou mal e faleceu, Mark então prometeu a seu avô que faria isso. Só que Mark volta a ficar doente, cançado da rotina nos hospitais, dos exames, das caras de piedade das pessoas e sabendo que suas chances de conseguir vencer a doença novamente são remotas, Mark resolve cumprir a promessa que fez a seu avô nem que seja a ultima coisa que faça para sua vida. Nessa viagem/fuga, ele leva somente seu cachorro Beau, sua máquina fotografica e um caderno e caneta.


Eu o adorava - até as coisas começarem a piorar, e o som do tique-taque mais parecia passos sombrios que se aproximavam de mim. Eu amava o relógio, até começar a odiar o tempo. E como ele ia embora.

Nessa resenha tentarei não abordar os mesmos pontos que abordei no post Primeiras Impressões, onde falei sobre a prova do livro cedida pela Novo Conceito e quais foram as minhas primeiras impressões da obra, o que eu achei das suas primeiras 90 páginas. Para uma resenha mais completa recomendo a leitura do post.

Como já mencionei no inicio dessa resenha, esse é aquele tipo de livro que te deixa com o nó na garganta e com lágrimas nos olhos. Na primeira página do livro isso já aconteceu comigo, não têm nenhum acontecimento triste nela nem nada, só o Mark saindo de casa, e mesmo assim eu fiquei nesse estado. Isso só piorou ao longo do livro, tiveram momentos que mesmo tentando segurar, uma lágrima escapava. Em uma cena do livro a minha condição foi tão feia que eu secava a lágrima de um olho, saia outra pelo outro, secava e saia pelo outro, e assim sucessivamente. Foi um sufoco, principalmente porque minha mãe estava no meu quarto no momento, no computador, e eu não queria que ela visse e falasse a clássica frase de  mãe de leitor "que besteira chorar por isso, é só um livro!", mas ela acabou me ouvindo fungar e perguntou se eu estava com coriza, respondi que era o livro triste e ela rolou os olhos. Melhor que qualquer outra opição que poderia acontecer.

Eu não me sentia mais sozinho naquela montanha. De jeito nenhum. Eu podia senti-los, todos juntos à minha volta. Achei que conseguiria fazer aquilo sozinho. Mas não. E eu não queria mesmo.

O livro é tão emocionante que chega a nosa dar a impressão de que ele foi milimetricamente planejado para fazer o leitor ir as lágrimas, porque casa siuação está no momento certo e na medida certa para fazer chorar. Ao mesmo tempo que pensamos isso, percebemos que para fazê-lo, teria que ser alguém bastante frio e calculista, e quem escreve um livro, humano desse jeito, jamais poderia ser outro Nicholas Sparks.

Parte da culpa desse efeito pode ser deixada nas costas da escrita poética do autor. O Mark gosta de Haikai - uma forma dificil de se escrever, mas linda do poema - e o autor também parece compartilhar dessa sensibilidade do personagem, pois além de ser cheia de frases lindas e reflexivas, a narração e o diálogo parecem possuir uma linguagem poética única, e mesmo narrando o Mark comendo isso se manifesta. Prova disso foi a minha edição ter ficado cheia de post-it, e eu não tinha a mania de marcar as frases assim no livro, eu sempre ou só decorava elas ou favoritava no goodreads, mas esse livro me fez mudar isso. De tantas marcações no final eu já estava tendo que repartir post-it para não faltar.

Os cachorros morrem, talvez. Mas uma amizade, não. Não se a gente não quiser que ela morra.

Além da narração, a história em si é bastante poética também, e ao contrario de muitas outras o ritimo do livro não é prejudicado por isso. Na realidade, esse diferencial pode ter feito até o livro ser mais "liso" e deslisar fácil na nossa mente, nos fazendo lê-lo com uma rapidez impressionante. Li o livro em uma média de 1h40min, sentei uma vez e li até a metade, sentei outra e terminei o livro, cada uma em uns 50 minutos.

A segunda parte do livro, a que não está na amostra mandada pela editora, parece mais cheia de acontecimentos. Tudo bem que a história começa rápido e vai se desenrolando em um rítmo ligeiro, mas a segunda já começa com uma acontecimento e vai um atrás do outro, ela realmente vira uma aventura de deixar corações saindo pela boca - eu sabia que eu deveria me preocupar com o Beau! Essa sucessão de acontecimentos acabou privilegiando a narração do Mark, que é obviamente a principal mesmo, e apagando de vez a narração que mostra a família, ela passa a ser quase dispensável.

O mundo inteiro é uma tempestade, eu acho, e todos nós nos perdemos em algum momento. Vamos atrás de montanhas  no meio das nuvens para que tudo pareça valer a pena, como se isso tivesse algum significado. E, ás vezes, nós as encontramos. E seguimos em frente.
Eu segui em frente.

A parte de tras do livro mostra a lista do Mark, do que levar nessa viagem e o que deixar (para ver uma foto e ter mais detalhes sobre a edição leia Primeiras Impressões), e isso funcionou muito bem como uma sinopse para história, dá uma ideia perfeita do que você vai encontrar no livro, de sobre o que ela é, sem correr o risco de dar nem um spoiler ou algo que algum leitor possa vir a considerar um spoiler. Revela tudo, e ao mesmo tempo nada. A capa do livro eu demorei para identificar, mas após terminar a leitura e olha-la melhor, percebi que faz referencia a uma cena bem emocionante do livro (a que eu mais me desesperei enquanto lia). E o título é justificado durante a hitória, adoro quando isso acontece, mas a justificativa pareceu cansativa e um pouco forçada.

O final do livro me surpreendeu, não pensei muito sobre ele durante a leitura, mas não esperava que fosse assim, e ele também foi lindo, eu amei ele e as ultimas frases fecharam com chave de ouro a história.

A Mais Pura Verdade é um livro emocionante que pode ser encarado tanto como uma bela história, quanto como uma lição para a vida.

- Kah

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