segunda-feira, 29 de julho de 2013

Resenha: A Menina que Roubava Livros - Markus Zusak

Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história, em "A Menina que Roubava Livros", livro há mais de um ano na lista dos mais vendidos do "The New York Times".

Desde o início da vida de Liesel na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenxabida próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido da sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona de casa rabugenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro, "O Manual do Coveiro". Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixara cair na neve. Foi o primeiro de vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes.

E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte. O gosto de rouba-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto a sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vanderburg, o judeu do porão, o amigo quase invisível de quem ela prometera jamais falar.

Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal. Mas só quem está ao seu lado sempre e testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é a nossa narradora. Um dia todos irão conhece-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena.

Quem nunca ouviu falar de A Menina que Roubava Livros? Provavelmente daqui alguns anos será considerada um clássico. Odiada por uns e amada por outros, essa a historia da Menina que Roubava Livros... que tem uma narradora mais que inusitada, A Morte.

Quando a morte conta uma historia você tem que parar para ouvir.

Eu não sei como falar desse livro, como descreve-lo. Acho que tudo o que eu possa dizer seja spoiler ou talvez de uma impressão errada. Mas vou tentar.

O livro conta a historia de Liesel Meminger e seus três encontros com a morte. No primeiro deles, ela está em um trem com seu irmãozinho e sua mãe biológica indo para a cidade de Molching, onde a sua mãe teria que entrega-la a uma nova família pois o governo não quer mais que ela fique com seus filhos, é nesse trem, durante essa viagem que a morte a vê pela primeira vez. É a partir dai a historia começa a ser narrada, com uma Liesel na Alemanha nazista de 1939 sendo entregue aos Huberman, logo após roubar o seu primeiro livro "O Manual do Coveiro", enquanto ainda era analfabeta. E ela não para por ai, enquanto vai sendo alfabetizada pelo seu novo pai, se acostumando com essa nova vida, ela rouba outro livro, e outro, e outro... e assim se faz a fama da Menina que Roubava Livros.

A narração desse livro é um pouco diferente, quando eu fui lê-lo eu ainda não havia lido a sinopse, fui ler só porque era famoso e muitas pessoas falavam bem. Na minha primeira tentativa não fui muito longe, por se passar em uma Alemanha da 2ª Guerra Mundial, e ser um livro famoso, muitas pessoas acham que acontece alguma coisa o tempo todo, já eu nem sabia o que esperar e achei chato, não acontecia nada, eu pensava "Onde isso vai levar?" "Ok... qual é o motivo desse livro?". Pois é, esse livro, pra mim, foi um livro que eu comecei me esforçando para ler - digamos que A Morte não sabe guardar o que vai acontecer por muito tempo - e fui me apaixonando gradativamente, como se cai no sono, sem nem notar - ok, frase de A Culpa é das Estrelas kk -, e com o passar do livro o que eu me obrigava a ler começou a não existir mais, e no final eu não queria mais nem largar. Não se enganem o pensamento de "Por que ficar falando tudo isso?" vai até o final do livro, onde você finalmente vê o porque da narração ser daquele jeito, o que o Markus queria com isso, e que você estava apaixonada pelo o livro. Então por favor se você for ler não desista dele, vá até o final.

Um aspecto negativo da narração é que as vezes ela vai ficando tão "nada está acontecendo" que você acaba se desligando um pouco. E outro é que o livro exagera um pouquinho nas metáforas, mas isso não atrapalha em nada a obra.

Ele é ambientado na Alemanha nazista de 1939 - 1943, o que no inicio me fez pensar que eu iria odiar os personagens, pois eles seriam nazistas, filhotes do Hitler - se tem uma pessoa que eu odeio nesse mundo, viva ou morta, é Adolf Hitler. Mas não foi bem assim, odiei alguns, fiquei com nojo por alguns momentos, mas geralmente me compadecia. Esse livro me mostrou que os alemães também sofreram durante a Guerra, e muito, o que fez aumentar ainda mais o meu ódio do Hitler.

O final do livro, como eu já disse, é o motivo pelo qual o livro foi daquele jeito o tempo todo. Se a narração não fosse aquela, nós não nos apaixonaríamos pelos personagens do mesmo jeito e não teríamos os litros de água derramados, e não seria conseguido a nossa reação do mesmo jeito.

A capa brasileira é linda, Intrínseca fez um trabalho maravilhoso, já que ela é muito melhor do que a dos outros países. Mas tenho que admitir que a primeira vez que eu vi a capa pensei que a historia se passava na Russia... o loucura a minha. A capa americana que eu achei meio feia, e sem muito sentido. A nossa, depois de ler o livro fica claro que é a morte andando por uma Alemanha cheia de neve. A original também, mas ainda acho a nossa, com um jogo de cores melhor.

Recomendo esse livro para quem tem paciência, e não é um livro que qualquer leitor de primeira viagem vá gostar de ler, então se você for dá de presente ele tenha certeza de que quem irá recebe-lo não é o tipo de pessoa que só lê Jogos Vorazes, Harry Potter e Crepúsculo - nada contra, eu amo esses livros - porque se for, ela não vai gostar.

Ficha Técnica:
Autor: Markus Zusak
País: Australia
Idioma: Português (lido)
Gênero(s): Ficção
Editora: Intrínseca 
Data de publicação: 2007

Páginas: 480
Frase: 
"Os seres humanos me assombram"
Avaliação:
☺☺☺☺☺(5/5)

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