sábado, 25 de janeiro de 2014

Fuxicando Sobre Romances de Época: Jane Eyre - Charlotte Bronte


Parece que eu estou começando oficialmente o meu desafio literário de fuxicar sobre romances de época em 2014. Uhul! Bem, deixando um pouco de lado a minha animação, o desafio desse mês consistia em ler um romance de época clássico. As sugestões dadas pelo blog Livros & Fuxicos, foram A Letra Escarlate, O Morro dos Ventos Uivantes (o segundo livro com maior espaço no meu coração), O Fantasma da Ópera, Grandes Esperanças, Norte e Sul, e - o meu escolhido - Jane Eyre, da escritora inglesa Charlote Bronte. Claro que poderia ser lido qualquer outro livro que não está entre as sugestões, desde que estejam se enquadrando nessa regra.



Jane Eyre, órfã de pai e mãe, vive com parentes que a desprezam até ser enviada para a instituição de caridade Lowood. Apesar das inúmeras privações que enfrenta na escola, a menina leva uma vida quase feliz e se torna forte e independente. Aos 18 anos, decide partir para Thornfield e trabalhar como preceptora de Adèle, pupila do irônico e arrogante Edward Rochester. Jane Eyre narra, além de uma comovente história de amor, a saga de uma jovem em busca de uma vida mais rica do que a sociedade inglesa do século XIX tradicionalmente permitia às mulheres.

Avaliação: ☻☻☻☻☺ (4/5)      528 Páginas      BestBolso

 Primeiramente, eu já ouço falar nesse livro a tempos, sei que era da Charlotte Bronte, mas sempre achei que esse livro seria chato e tediante, que eu nunca conseguiria me prender e ansiar pelas próximas páginas dele, que seria uma leitura superficial e fútil, além de difícil. Não poderia estar mais enganada!

Jane Eyre era um garota órfã que morava com a sua tia e era tratada como um bixo por ela, castigada sem nunca ter feito nada para merecer isso. Depois de um tempo sua tia a manda para a escola Lowood, para ser criada rigidamente. Após terminar o colégio arruma um emprego como tutora de Adele, uma menina protegida por Edward Rochester, um homem não muito bonito - igual a Jane - por quem ela acaba se apaixonando, mas essa história não é tão normalzinha assim. Na mansão onde Jane agora reside, existe um mistério que deixa Jane assustada e que também pode atrapalhar seu romance.

Primeiro, deixe-me explicar meu comentário a cima antes de começar a resenha. Como eu já mencionei a cima, O Morro dos Ventos Uivantes é meu segundo livro favorito - era o primeiro até eu ler A Culpa é das Estrelas, mas eu ainda o amo do mesmo jeito, só amo A Culpa é das Estrelas mais - e ele foi escrito por Emily Bronte, uma das irmãs Bronte, consequentemente irmã de Charlotte Bronte. Como eu amo esse livro e acho que ele é algo que você pode achar significados escondidos, lições em cada parte que você quiser olhar melhor, acabei achando a Emily brilhante e achando que se eu lesse algo de sua irmã teria o mesmo estilo de escrita dela - parado - mas não me interessaria, porque não seria como O Morro dos Ventos Uivantes.

Bem, esse era o meu conceito errôneo com Charlotte Bronte, e felizmente resolvi lhe dar uma chance esse mês e acabei vendo que entre Jane Eyre e o meu queridinho existem muitas semelhanças e diferenças. A escrita de Charlotte Bronte é uma escrita pesada e sem muito sentimento como a da irmã. A escrita é em primeira pessoa, mas parece mais como um relato feito por um jornalista da cena. Ele realmente tornou difícil a leitura, mas é um clássico, era uma outra época quando foi escrito, existia um outro tipo de estilo.

E apesar de a escrita ser tudo isso que foi dito a cima, o enredo nos prende e nos faz querer mais e mais. No inicio, eu tenho que admitir, a leitura me foi quase uma tortura e se eu não soubesse o que viria a seguir talvez não tivesse continuado, porque eu simplesmente não via aonde aquilo ia levar, mas as coisas foram acontecendo - lentamente, mas mesmo assim -  e me prendendo apesar da trava que era a escrita, e cada vez me faziam querer saber mais e mais o que aconteceria a seguir.

O melhor dessa obra, de longe, é o jeito como a mulher é retratada, independente, sem precisar se casar para poder se sustentar, ou de um marido rico. A Jane é como a mulher moderna, ela trabalha, vai atras do que quer, não fica choramingando pelos cantos e reclamando da vida e esperando um marido para poder viver toda a sua vida dedicada a ele.  Ou seja, um retrato da emancipação da mulher e de suas ideias.

Nesse livro também pode se encontrar vários significados "escondidos" do leitor em uma primeira olhada, como por exemplo - leve spoiler - o raio que caí na arvore (vocês irão entender melhor isso se lerem o livro) significa que Deus irá separá-los, que ele não aprova o que irá se realizar; outra coisa é a Jane Eyre ser feia (não feia tipo Bella Swan que todo mundo ainda acha bonita, ela é feia, feia mesmo, ninguém acha ela bonita) significa que o que importa é como a pessoa é por dentro, que o verdadeiro valor da mulher não é esse.

O livro, se você já não souber o que acontece , vai te surpreendendo pelos acontecimentos ao longo da história - bem que teve um momento que eu quis chamar a Jane de burra por não ter se tocado. E ela chega a dar um pouco de medo na gente em algumas cenas - mas nada muito grande, só um "Ui!" - e em outras acaba fazendo a gente ficar com o coração apertado e dizendo pra Jane "Mas e ele? E ele?", ou seja, essa é uma história que consegue nos cativar.

Outra coisa que eu quero comentar é o quanto a sociedade daquela época era cheia de crendices, misticismos, como eles temiam tudo isso. Eles acreditavam em fantasmas, sonhos que previam o que iria acontecer e etc. Hoje em dia nós achamos isso ridículo, até rimos de algum livro que fale isso, mas nesse livro isso é bom para nos mostrar como as pessoas se libertaram do domínio da igreja nesses anos.

O final é muito bonito - até - e o melhor que poderia ser tido, levando em consideração a situação em que se estava, e também era o final que eu estava torcendo.


Mas existe algo mais teimoso que a juventude? Ou mais cego que a inexperiência?

Bjs, Kah.